quinta-feira, 21 de agosto de 2008

D6: Perto do céu, perto do inferno












O dia começou com uma grande subida por um bosque. Andámos até encontrar um trilho escavado na rocha. Já tínhamos sido avisado que este trilho era muito "aéreo" e por vezes perigoso, por haver troços muito expostos, sem com cabos ou cordas de protecção. A dificuldade do percurso era compensada pelas primeiras vistas do Matterhorn. Para mim foi difícil controlar as pernas e o medo. O trilho era muito estreito, escorregadio e por vezes a descer, onde é difícil controlar os movimentos com uma mochila de 12 kilos às costas. Foram duas horas de muitos nervos, sempre à espera que na próxima esquina o trilho melhorasse. Felizmente que não há mal que sempre dure, e o trilho melhorou... Tivemos ainda direito a passar numa ponte himalaia, cuja construção era de qualidade duvidosa e muito inferior aos modelos originais no Nepal. A meio da tarde chegámos ao Europahutte. Não tínhamos reserva para dormir devido à nossa alteração de planos. Mas disseram-nos que era possível dormir no chão da sala e por isso não ficámos preocupados. Ficámos na varanda do refúgio com vista para o Weisshorn a aproveitar ao sol, a beber ice tea e a comer bolo de maçã caseiro. "Heaven, I'm in heaven". Quando chegou a hora de jantar, ficámos na mesa com dois franceses muito estranhos. Um deles tinham um ar particularmente psicótico e olhava fixamente para os elementos femininos do nosso grupo. De tal forma que começou a ser desconfortável... Na mesa ao lado estava um grupo de italianos também com um ar um pouco estranho, com um vestuário um pouco incomum para estes ambientes de montanha. Um deles trajava com calções até ao pescoço, com um cinto enorme a dizer "CUBA", " CUBA", "CUBA"... e uma camisola parecida com a do Vitória de Setúbal. Hilariante, parecia o Mr. Bean das Montanhas! O ambiente era de tal forma estranho que chegámos a pensar que seria um encontro de internacional de doentes psiquiátricos... Depois do jantar o francês psyco não nos largava... Quando descobrimos que ele também ia dormir na sala connosco, começámos a rezar. À hora de deitar, a dono do refúgio teve o bom senso de colocar os franceses bem longe do resto das outras pessoas. O francês psyco deve ter tomado a medicação e lá nos deixou dormir a noite sossegados.

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